Imagem "o que eles pensam"

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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Atitude - Uma Carta De Repúdio Aos Amores Destrutivos



Os sinais de inseguranças começam quase imperceptíveis. “Qual a senha do seu celular?” E aquela simples combinação de quatro dígitos, transforma seu celular em um passaporte para o fim da relação. É uma passada de olhos pela caixa de entrada do e-mail, uma xeretada rápida e habitual nas mensagens do Whats App, Messenger do Facebook, InstaMessage ou qualquer outro aplicativo que possibilite uma conversa em off. E aí pronto, uma simples conversa com algum amigo seu, pode ser interpretada de maneira errada e a confiança vai para o ralo. Nasce um sentimento de posse e você acredita que o outro lhe pertence. Sente um frio enorme no estômago –devem ser as tais borboletas- quando imagina a possibilidade de ser deixado. Segue os olhos do outro e tenta decifrar o que se passa naquela cabeça. Deixa de ser inteligente, deixa de lado suas vontades, falta na aula de Antropologia, mesmo estourado em faltas, envia torpedos o dia todo e quando não é inserido em todos os compromissos se sente deixado de lado, faz biquinho e chora. E de repente, de tanto abrir mão de você mesmo, chega o momento que o espelho cruza o seu caminho, vocês se encaram e você nota que existe um ar de cansaço e que nem você se reconhece mais. O cabelo está mal tratado, a pele seca, o sorriso não parece nem de longe com o seu e o brilho nos olhos parece ter sido abduzido. Você tenta se reconhecer, mas contrariou tantas vezes as suas vontades, que nem lembra mais o que gosta. 

Ela revirou o casaco dele a procura de um fio de cabelo. Será que ela é ruiva ou morena? –perguntava para si mesma. Farejou a roupa como um cão, em busca de um perfume diferente do seu. Vistoriou o colarinho em busca de resquícios de uma noite com uma mulher qualquer, uma mancha de batom o denunciaria, por menor que fosse, confirmaria o que sempre desconfiou. Ela usaria fragrâncias cítricas ou florais? Será que ela gosta de morar no pescoço dele como eu ou será que ao invés disso ele é que implora pelo cheiro da nuca dela? Procurou pistas também no bolso, talvez um telefone anotado em um guardanapo de bar fosse o álibi perfeito para vomitar em cima dele toda a sua desconfiança, insegurança e medo. Mas só encontrou um trident de canela, um isqueiro branco, algumas moedas e um cupom fiscal da pizza de quatro queijos que comeram ontem à noite, quando comemoraram três anos de namoro. 

Poderia ser o prefácio de um livro que você retirou da cabeceira para ler naquela quinta feira que o sono teimou em não aparecer, também poderia ser a história daquela série da Fox que você não perde por nada nesse mundo, mas, infelizmente, é a histórias de muitos. Alguns, simplesmente não notam a parcela de culpa que carregam -o que é uma pena, pois com uma conversa franca, o casal poderia alinhar de forma inteligente todo o propósito de uma vida a dois, entenderiam o significado da palavra parceria e talvez conseguissem prosseguir com o relacionamento de uma forma saudável. 

Chega! Amores destrutivos corroem a saúde física e emocional. É paulada atrás de paulada na autoestima. É desdenhar a si mesmo e colecionar migalhas! Era uma vez o João, que resolve só atender o celular na décima vez que a Maria liga. O tratamento é de forma seca, ele diz que está corrido no trabalho, cheio de reuniões e e-mails para responder e que depois retornará a ligação. Maria cega de paixão abre um meio sorriso e fica satisfeita de ter, pelo menos, ouvido a voz de João. Acorda Maria! Abandone seus fantasmas, confie em você e não procure sua infelicidade em uma possível falha da outra parte. Escolha a contramão da infelicidade. Procure e queira só o que vier inteiro e transbordando. Encha o copo de Chopp, por favor, não tem problema se o colarinho escorrer na mesa. E se o que você encontrar pelos caminhos da vida for um amor destrutivo, que só consegue te oferecer uma gastrite e uma boa dose de perturbação, lembre-se que a doce solidão lhe oferece um universo inteiro de possibilidades, e até encontrar um novo par, é necessário abrir os olhos, contrariar Tom Jobim e cantar: “É possível ser feliz sozinho”.

2 comentários:

  1. Chega de amores destrutivos...!
    "a doce solidão lhe oferece um universo inteiro de possibilidades"
    A-DO-RE-I você é incrível. Você da um "ACOORDA QUERIDA" para aquela pobre coitada largar aquele bofe que nunca lhe pertenceu e só te fez chorar. E que música linda é essa ? *-* Parabéns.

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  2. Nunca fui de procurar muito pelas coisas que não quero encontrar e acredito muito mais na intuição do que na desconfiança. Os inseguros são os que mais se machucam com os amores destrutivos, mas acredito que a carência ajuda a cicatrizar as coisas rápido, ainda que seja mal curado e mal amado.
    Gosto dos seus textos mesmo quando não me identifico.
    Adorei a música e me lembrei que também já discordei de Tom Jobim uma vez... Foi o primeiro passo para uma evolução interessante. rs
    Beijos

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